PRONTUÁRiO
EL
DORADO
Em
1560, sendo Gonzalo Pizarro o governador de Quito, conquistadores
espanhóis nos Andes peruanos internam-se pelo inferno verde,
procurando uma lendária cidade do ouro. Porém, a expedição é
forçada a deter-se, e Pedro de Urzúa envia um grupo de
reconhecimento. Incluído neste, avulta Lope de Aguirre, um líder
sem escrúpulos…
Eis o limiar de Aguirre, o Aventureiro / Aguirre, der Zorn Gottes, com argumento e realização, em 1972, de Werner Herzog - então, considerado um dos mais representativos jovens cineastas da Alemanha Ocidental, que levaria a um auge dramático as suas obsessões expressionistas e fantásticas. Desvendando o desígnio humano ante o excesso e o abismo, Claude-Michel Cluny assinalou a «vertigem entre um céu demasiado vazio e uma terra demasiado vasta», em que se contrasta o desempenho assombrado e portentoso de Klaus Kinski, já numa ostensiva relação de ódio/fascínio com Herzog. Sublimação e transfiguração, delírio e crepúsculo, em jogo ambíguo quanto ao primitivo e à civilização, extravasam o fulgor épico de um imaginário em transe, ao pairar a volúvel cólera divina.
Eis o limiar de Aguirre, o Aventureiro / Aguirre, der Zorn Gottes, com argumento e realização, em 1972, de Werner Herzog - então, considerado um dos mais representativos jovens cineastas da Alemanha Ocidental, que levaria a um auge dramático as suas obsessões expressionistas e fantásticas. Desvendando o desígnio humano ante o excesso e o abismo, Claude-Michel Cluny assinalou a «vertigem entre um céu demasiado vazio e uma terra demasiado vasta», em que se contrasta o desempenho assombrado e portentoso de Klaus Kinski, já numa ostensiva relação de ódio/fascínio com Herzog. Sublimação e transfiguração, delírio e crepúsculo, em jogo ambíguo quanto ao primitivo e à civilização, extravasam o fulgor épico de um imaginário em transe, ao pairar a volúvel cólera divina.
CALENDÁRiO
12JAN-08ABR2012
- No Museu da Electricidade, em Lisboa, Fundação EDP expõe, com
Ver Pra Ler, Ilustrarte 2012 /
V Bienal Internacional de Ilustração Para a Infância,
incluindo uma retrospectiva da obra de Martin Jarrie e uma mostra dos
livros do escritor António Torrado.
1923-01FEV2012
- Wislawa Szymborska: Escritora polaca, distinguida com o Prémio
Nobel da Literatura em 1996, como «representante de um olhar poético
de uma pureza e de uma força raras».
02FEV-30MAR2012
- Academia das Ciências de Lisboa expõe Do
Tejo ao Sião - 500 Anos de Relações Luso-Tailandesas.
1930-03FEV2012
- Ben Gazarra: Actor americano do teatro e do cinema - «Gosto muito
de homenagens, sobretudo quando sou eu o distinguido… Normalmente,
logramos atingir o nosso objectivo, se trabalharmos com gente de
muito talento».
10FEV-07ABR2012
- No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I expõe
MicroMacro de
Hector Ramsay.
VISTORiA
Voltou.
Não disse nada.
Parecia muito perturbado.
Deitou sem tirar a roupa.
Escondeu-se debaixo do cobertor,
as pernas dobradas.
Tem quarenta anos, mas não neste momento.
Está vivo - mas como no ventre materno
atrás de sete peles, na escuridão que o defende.
Amanha dá palestra sobre homeostasis
na cosmonáutica metagalática.
Por enquanto se encolhe, adormece.
Parecia muito perturbado.
Deitou sem tirar a roupa.
Escondeu-se debaixo do cobertor,
as pernas dobradas.
Tem quarenta anos, mas não neste momento.
Está vivo - mas como no ventre materno
atrás de sete peles, na escuridão que o defende.
Amanha dá palestra sobre homeostasis
na cosmonáutica metagalática.
Por enquanto se encolhe, adormece.
Wislawa
Szymborska
(Tradução
de Ana Cristina César)
Espaço
Curvo e Finito
Oculta consciência de não ser,
Ou de ser num estar que me transcende,
Numa rede de presenças
E ausências,
Numa fuga para o ponto de partida:
Um perto que é tão longe,
Um longe aqui.
Uma ânsia de estar e de temer
A semente que de ser se surpreende,
As pedras que repetem as cadências
Da onda sempre nova e repetida
Que neste espaço curvo vem de ti.
Oculta consciência de não ser,
Ou de ser num estar que me transcende,
Numa rede de presenças
E ausências,
Numa fuga para o ponto de partida:
Um perto que é tão longe,
Um longe aqui.
Uma ânsia de estar e de temer
A semente que de ser se surpreende,
As pedras que repetem as cadências
Da onda sempre nova e repetida
Que neste espaço curvo vem de ti.
José
Saramago
VISTORiA
Há
na história do nosso país uma particularidade, que dá logo na
vista a quem segue com olhar atento as diferentes fases da nossa
existência política. É a perfeita indiferença com que sempre
olhamos para os grandes acontecimentos da Europa, o cuidado com que
desviamos constantemente os olhos desse grande foco do movimento
humanitário, e a surpresa que também sempre nos acometeu quando
sentimos o efeito terrível das tempestades de que nos não soubemos
resguardar.
Manuel
Pinheiro Chagas
-
As Duas Flores de Sangue (1875
- excerto)
Ah,
despertar mais uma vez sem sentir as suas garras, por uma vez não
ficar só e entregue ao medo! Sentir a respiração feliz do mundo!
Ah,
viver mais uma vez!
Annemarie
Schwarzenbach
-
A Morte Na Pérsia
MEMÓRiA
13NOV1842-1895
- Manuel Pinheiro Chagas: Escritor, jornalista e político português
- «Primeiro beijo, perfumado, ardente / Primeira estrofe da gentil
canção, / Que, em doidas horas de prazer fervente, / A flor dos
lábios vem dizer “paixão!”» (O
Primeiro Beijo - excerto).
IMAG.30-32-59-91-258-312-332-357
15NOV902-1980
- Frederico de Freitas: Compositor, maestro e musicólogo português
- «A [sua] linguagem musical é de um eclectismo aberto a tudo o que
quadre à expressão emotiva servida por uma instrumentação
excelente em clareza e firmeza de escrita» (Henrique da Luz
Fernandes). IMAG.175
15NOV1922-2010:
- José Saramago: Jornalista e escritor português, Prémio Nobel da
Literatura em 1998 - «Acho que na sociedade actual nos falta
filosofia. Filosofia como espaço, lugar, método de reflexão, que
pode não ter um objectivo determinado, como a ciência, que avança
para satisfazer objectivos. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos
do trabalho de pensar, e parece-me que, sem ideias, não vamos a
parte nenhuma» (Expresso
- 2008).
IMAG.38-75-155-158-196-198-224-241-245-252-263-268-311-331-385
1908-15NOV1942
- Annemarie Schwarzenbach: Escritora, jornalista e fotógrafa suíça
- «É uma personagem com tantas facetas, viajante, fotógrafa,
romancista, poeta, que deveria haver nela algo para qualquer pessoa
se interessar. Mas há um lado sulfuroso na vida que mascara a obra.
O lado homossexual, toxicómano, aquela espécie de beleza andrógina
nos retratos» (Dominique Laure Miermont). IMAG.200
BREVIÁRiO
Avalon
edita em DVD, Aguirre, o
Aventureiro / Aguirre, der Zorn Gottes (1972)
de Werner Herzog; com Klaus Kinski e Helena Rojo. IMAG.208
Caleidoscópio
edita Alta Definição -
Televisão Com Sabor a Cinema de
Carlos A. Henriques; prefácio de Marcelo Rebelo de Sousa.
Universal
edita em CD, sob chancela Decca, Franz Liszt
[1811-1886] - Artist’s
Choice pelo pianista Alfred
Brendel. IMAG.92-175-319-337-384-392
IMAG.48-161-293-301-342-350-384
Harmonia
Mundi edita em CD, Felix Mendelssohn
[1809-1847]:
Concertos MWV 02 e 04 pelo
pianista Kristian
Bezuidenhout, com Freiburger Barockorchester sob a direcção do
violinista Gottfried von der Goltz. IMAG.175-205
ANTIQUÁRiO
NOV1872
- Neste mês, a azeitona vende-se, no Porto, de 450 a 500 réis o
alqueire.
02NOV1962
- A Radiotelevisão Portuguesa/RTP inicia a emissão de Tempo,
boletim apresentado por
Anthímio de Azevedo, no Jornal
da Noite: «Recebíamos a
informação em código, através de fax,
de navios, aviões e centros, a partir da qual construíamos a carta
meteorológica. Trabalhávamos num quadro de plástico que tinha
impressos os contornos de Portugal e do Atlântico Norte, e
riscávamos com giz a situação a analisar».
NOTICIÁRiO
Parte
para Havana o escritor José Maria Eça de Queiroz, que irá tomar
conta do lugar de Cônsul português.
09NOV1872
- Diário de Notícias -
IMAG.14-19-52-60-90-101-148-165-178-199-203-205-214-275-287-313-342
Contadores
Quilométricos
Acabam
de ser estabelecidos em Paris, em todos os trens de praça, os
contadores quilométricos. É um aparelho que, em comunicação com
as rodas do veículo, indica o espaço percorrido. O primeiro
quilómetro nos trens de duas pessoas custa 135 réis, e os
quilómetros seguintes 45 réis. Nos carros de quatro lugares, 180
réis o primeiro quilómetro, e os seguintes 60 réis. O contador
indica o percurso feito, a hora e quanto o passageiro tem que pagar.
18JUN1890
- Diário de Notícias
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