terça-feira, abril 03, 2018

IMAGINÁRiO #487

José de Matos-Cruz | 16 Outubro 2014 | Edição Kafre | Ano XI – Semanal – Fundado em 2004


PRONTUÁRiO

CLÁSSICOS
Em banda desenhada, é um paradoxo supor que os heróis morrem, com os seus autores. O sortilégio que os consagrou ao tempo da aventura, mantém-se incólume na nostalgia dos leitores. E mesmo graças à reedição dos clássicos, as novas gerações são tocadas por tal fascínio. É este culto permanente, sucessivo, que os torna imortais - e, de alguma forma, também os respectivos criadores. Precário ilustrador de Flash Gordon, durante uma Europa em guerra, Edgar Pierre Jacobs (1904-1987) recriaria em 1943 - a partir dessa prova de talento e prestígio, sob proposta do magazine Bravo! - uma obra original, com sugestões d’O Mundo Perdido de Arthur Conan Doyle, e empolgante inspiração para As Aventuras de Blake e Mortimer. Eis O Raio U - uma saga de referência e paixão, entre nós, relançada pela revista Tintin e, a partir de 1974, apresentada em álbum. Afinal, tal edição foi restaurada em 1991, pelo Studio E.P. Jacobs, e ressurgiu em colorido deslumbrante. Simbolicamente empolgador, ainda revirtualizado em termos plásticos e narrativos, com a inclusão de pranchas e elementos gráficos inéditos na versão anterior, O Raio U / Le Rayon U honra a escola franco-belga.
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MEMÓRiA

16OUT1854-1900 - Oscar Fingal O’Flahertie Wills Wilde, aliás Oscar Wilde: Escritor inglês, de origem irlandesa - «Os piores senhores eram os que se mostravam mais bondosos para com seus escravos, pois assim impediam que o horror do sistema fosse percebido pelos que o sofriam, e compreendido pelos que o contemplavam». IMAG. 14-61-204-256-277-301-396

1852-17OUT1934 - Santiago Ramón y Cajal: Médico e histologista espanhol, distinguido com o Nobel de Fisiologia/Medicina (1906) - «Existem três espécies de ingratos: os que se silenciam diante do favor, os que o cobram e os que se vingam». IMAG.369

18OUT1944-2011 - Sérgio Justo Camacho Borges, aliás Sérgio Borges: Cantor português, vocalista e fundador do Conjunto Académico João Paulo, distinguido com o Prémio Imprensa (1966). IMAG.388

20OUT1854-1891 - Jean-Nicolas Arthur Rimbaud, aliás Arthur Rimbaud: Poeta francês - «Creio que existem muitos Rimbauds neste mundo, e que o seu número aumentará com o tempo. O tipo Rimbaud tomará o lugar, nos próximos tempos, do tipo Hamlet e do tipo Fausto. Até que o velho mundo morra de vez, o indivíduo anormal será cada vez mais a norma. O novo homem chegará, quando cessar a guerra e o colectivo entre o indivíduo. Veremos então o tipo Homem, em sua plenitude e esplendor» (Henry Miller).IMAG.15-52-103-346

21OUT1914-2010 - Martin Gardner: Matemático norte-americano, escritor e divulgador científico, especialista em Lewis Carroll - «Pensando bem, existe uma diferença entre algo e nada, mas que é puramente geométrica… Ora, por detrás da geometria, não há nada». IMAG.305

1932-21OUT1984 - François Roland Truffaut, aliás François Truffaut: Cineasta francês da Nouvelle Vague, realizador, argumentista, produtor, actor, crítico - «Em minha opinião, o cinema de amanhã será ainda mais pessoal do que uma novela autobiográfica... Será um tipo de confissão, ou uma espécie de diário».
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1890-22OUT1954 - José Oswald de Sousa Andrade, aliás Oswald de Andrade: Escritor brasileiro, ligado ao modernismo - «Como poucos, eu conheci as lutas e as tempestades. Como poucos, eu amei a palavra liberdade e por ela briguei». IMAG.258

CALENDÁRiO

1932-23SET2013 - Christopher John Koch, aliás C.J. Koch: Ficcionista australiano, autor de The Year of Living Dangerously (1978) - «Detalhou, com sensualidade, muitas das suas obras em que, frequentemente, explora a relação entre a ilusão e a realidade» (Encyclopædia Britannica).

03OUT2013 - Medeia Filmes estreia Mahjong de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata; com Anne Pham e Fernando Vhou. IMAG.68-165-272-456

03OUT-31OUT2013 - Em Lisboa, Biblioteca Nacional expõe 60 Anos da História de Portugal Em Cromos; organização de Leonardo De Sá e João Manuel Mimoso.

VISTORiA

O Mestre
Quando as trevas começaram a cair sobre a Terra, José de Arimateia acendeu uma tocha de pinheiro e desceu da colina para o vale. Tinha o que fazer em casa. E, ajoelhando-se sobre as pedras do Vale da Desolação, viu um jovem que estava nu e chorava. Seus cabelos eram da cor do mel e o corpo tão branco como uma flor; mas ferira o corpo nos espinhos e, sobre os cabelos, pusera cinza à guisa de coroa.
E José, que possuía grandes virtudes, disse ao jovem que se encontrava nu e chorava:
Não me admira que o teu sentimento seja tão grande, porque, realmente, Ele foi um homem justo.
E o jovem respondeu:
Não é por Ele que choro, mas por mim mesmo. Eu também mudei a água em vinho, curei o leproso e restituí a vista ao cego. Andei sobre as águas e, das profundezas dos sepulcros, expulsei os demónios. Alimentei os famintos no deserto onde não havia comida; ergui os mortos dos leitos exíguos e, à minha ordem, diante de imensa multidão, uma figueira seca novamente frutificou. Tudo que esse homem realizou eu também concretizei e, todavia, não me crucificaram.
Oscar Wilde
- Poemas Em Prosa e Salomé

Canção da Torre Mais Alta

Ociosa juventude
De tudo pervertida
Por minha virtude
Eu perdi a vida.
Ah! Que venha a hora
Que as almas enamora.

Eu disse a mim: cessa,
Que eu não te veja:
Nenhuma promessa
De rara beleza.
E vá sem martírio
Ao doce exílio.

Foi tão longa a espera
Que eu não olvido.
O terror, fera,
Aos céus dedico.
E uma sede estranha
Corrói-me as entranhas.

Assim os prados
Vastos, floridos
De mirra e nardo
Vão esquecidos
Na viagem tosca
De cem feias moscas.

Ah! A viuvagem
Sem quem as ame
Só têm a imagem
Da Notre-Dame!
Será a prece pia
À Virgem Maria?

Ociosa juventude
De tudo pervertida
Por minha virtude
Eu perdi a vida.
Ah! Que venha a hora
Que as almas enamora!
Arthur Rimbaud
(Tradução de Cláudio Daniel)

Canto de Regresso à Pátria
Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo
Oswald de Andrade

GALERiA

História de Portugal Em Cromos

Mostra comemorativa dos 60 anos da primeira edição da História de Portugal em cromos (Outubro de 1953), uma colecção de 203 cromos vendidos em envelopes-surpresa, que teve edições sucessivas até 1973. Esta mostra inclui os originais da capa da caderneta e de alguns cromos, várias edições das próprias cadernetas e os respetivos envelopes-surpresa, e ainda diversos impressos e publicações que reproduziram ilustrações da colecção.
O seu ilustrador é Carlos Alberto Santos, hoje um reputado pintor especializado em temas históricos, estando representado em colecções privadas e museus em Portugal e no estrangeiro. Nascido em 1933, começou o seu percurso artístico muito jovem como  desenhador. Em 1953, após três anos de trabalho, completou a História de Portugal para a Agência Portuguesa de Revistas.   A publicação constituiu o maior êxito da conhecida editora  no campo do cromo, e tem hoje um estatuto mítico nas memórias dos que a coleccionaram durante os 20 anos em que foi vendida.
A mostra é organizada por Leonardo De Sá, perito em banda desenhada e ilustração, e João Manuel Mimoso, coleccionador de cadernetas de cromos.   
 
PARLATÓRiO

Se Deus pode criar um mundo de partículas e de ondas, que se agitam em obediência às leis da matemática e da física… Quem somos nós para dizer que Ele não pode fazer uso dessas mesmas leis, para cobrir a superfície de um pequeno planeta com criaturas vivas?
Martin Gardner

BREVIÁRiO

Assírio & Alvim edita Servidões de Herberto Helder. IMAG.221-440

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