terça-feira, fevereiro 27, 2018

IMAGINÁRiO #465

José de Matos-Cruz | 01 Maio 2014 | Edição Kafre | Ano XI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

BIZARRIAS
Felizmente para o futuro, há os MIB-Homens de Negro. Membros de um departamento ultra-secreto, criado pelo FBI para vigiar os extra-terrestres que, entretanto, se misturaram entre nós. De todas as espécies e aspectos, alguns trazem as melhores intenções, outros constituem uma ameaça. É sobre estes que se esmeram os MIB - os quais, além da eficiência, são muito discretos. Dois actuam sob as letras de código J e K. Dispõem da mais sofisticada tecnologia, com poder ilimitado. A principal missão de J e K é evitar que os forasteiros se tornem um problema. Por outras palavras, nem sequer existem para o cidadão comum. Para tanto, fornecem-lhes novas identidades e uma imagem banal. Quando alguém se torna mais curioso ou descobre a verdade, têm meios para apagar-lhe a memória, fazendo desaparecer quaisquer vestígios…
No início, Steven Spielberg produziu MIB / Homens de Negro / Men In Black, a cargo da Amblin para a Columbia. Ocupado então com O Mundo Perdido - Parque Jurássico 2 (1997), incumbiu da realização Barry Sonnenfeld, cuja bizarria apreciara em A Família Addams (1991). MIB / Men In Black começou por ser uma história em quadradinhos de Lowell Cunningham, editada por Malibu. Em 1992, o seu potencial fantástico interessou Walter F. Parkes & Laurie MacDonald, que garantiram os direitos de transposição. Entretanto associados a Spielberg, os álbuns voltaram aos escaparates, com êxito muito superior. A primeira fita da trilogia (1997-2002-2011) garantiu fidelidade à banda desenhada, embora sem desprezar outras ambições. Todos os trunfos contam. Por isso, nem o terror escapa ao humor…

CALENDÁRiO

20MAI2013 - Em São João do Estoril, morre Assis de Brito, aliás Carlos da Silva d’Assis Brito - primeiro Secretário do Instituto Português de Cinema / IPC, a partir de 1973.

24MAI-14JUN2013 - No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I apresenta Exposição de Pintura de Pantoja Jordão.

MEMÓRiA

1841-01MAI1904 - Antonin Leopold Dvorák: Compositor checo, natural de Nelahozeves, Boémia, durante o Império Austríaco, compôs Danças Eslavas (1878), Quarteto op. 51 (1879) ou Sinfonia n.º 9 em mi menor - Do Novo Mundo (1893). IMAG.199-201-219-338-368

01MAI1934-2005 - Shirley Horn: Cantora e pianista americana - «Nunca conheci ninguém que conseguisse interpretar uma balada de modo tão lento e, ao mesmo tempo, tão musical» (Marian McPartland). IMAG.64

1960-01MAI1994 - Ayrton Senna: Piloto brasileiro de Fórmula 1 - «Ele estava sereno. Levantei-lhe pálpebras e tornou-se claro para mim, pelas suas pupilas, que sofrera um ferimento maciço no cérebro. Tirámo-lo do cockpit e colocámos o corpo no chão. Embora eu seja totalmente agnóstico, senti a sua alma partir nesse momento» (Sidney Watkins, neurocirurgião). IMAG.267

03MAI1404 - Morre João das Regras, o mais sábio jurisconsulto do seu tempo, primeiro conselheiro de El-Rei D. João I. «Notável barom, comprido de ciência… mui grande letrado em leis» (Fernão Lopes). Doutorado pala Universidade de Bolonha, deu início às Ordenações de Portugal.

07MAI1754-04MAI1824 - Joseph Joubert: Escritor e ensaísta francês - «São os livros que nos suscitam os maiores prazeres, e os homens que nos provocam as maiores agruras» (Pensées, Essais et Maximes).

1905-07MAI1974 - António José Branquinho da Fonseca: Ficcionista, poeta e dramaturgo português, filho de Tomás da Fonseca - «Com duas tábuas fiz / o barco onde navego / e onde sou tão feliz / que nunca chego… // Vou sonhando e cantando, / tão alto, que não sei / se o mar e o céu vão bons / ou se vão mal… // Só quero ir sempre andando / e reparando / nas diferenças / da paisagem sempre igual…» (Lago). IMAG.131-407

1743-08MAI1794 - Antoine Laurent de Lavoisier: Químico francês - «Aprender é juntar novos conhecimentos aos que já temos, tal como ensinar é - para o professor - falar dos conhecimentos adquiridos, para chegar a outros ainda não adquiridos. A primeira coisa a definir, é aquilo que sabe o aluno» (Sobre a Maneira de Ensinar Química). IMAG.342-432

08MAI1914-1980 - Roman Kacew, aliás Romain Gary: Cineasta, diplomata e escritor francês, ou sob o pseudónimo de Émile Ajar, Fosco Sinibaldi, Shatan Bogat, René Deville e Lucien Brûlard - «O humor é uma afirmação de dignidade, uma declaração da superioridade do homem frente a tudo aquilo que sofre… A realidade não é uma inspiração para a literatura. No máximo, a literatura é uma inspiração para a realidade». IMAG.366

VISTORiA

Não gosto de viajar. Mas sou inspector das escolas de instrução primária e tenho a obrigação de correr constantemente todo o País. Ando no caminho da bela aventura, da sensação nova e feliz, como um cavaleiro andante. Na verdade lembro-me de alguns momentos agradáveis, de que tenho saudades, e espero ainda encontrar outros que me deixem novas saudades. É uma instabilidade de eterna juventude, com perspectivas e horizontes sempre novos. Mas não gosto de viajar. Talvez só por ser uma obrigação e as obrigações não darem prazer. Entusiasmo-me com a beleza das paisagens que valem como pessoas, e tive já uma grande curiosidade pelos tipos rácicos, pelos costumes, e pela diferença de mentalidade do povo de região para região.
Num país tão pequeno, é estranhável tal diversidade. Porém não sou etnógrafo, nem folclorista, nem estudioso de nenhum desses aspectos e logo me desinteresso. Seja pelo que for, não gosto de viajar. Já pensei em pedir a demissão. Mas é difícil arranjar outro emprego equivalente a este nos vencimentos. Ganho dois mil escudos e tenho passe nos comboios, além das ajudas de custo. Como vivo sozinho, é suficiente para as minhas necessidades. Posso fazer algumas economias e, durante o mês de licença que o Ministério me dá todos os anos, poderia ir ao estrangeiro. Mas não vou. Não posso. Durante este mês quero estar quieto, parado, preciso de estar o mais parado possível. Acordar todas essas trinta manhãs no meu quarto! Ver durante trinta dias seguidos a mesma rua! Ir ao mesmo café, encontrar as mesmas pessoas!… Se soubessem como é bom! Como dá uma calma interior e como as ideias adquirem continuidade e nitidez! Para pensar bem é preciso estar quieto. Talvez depois também cansasse, mas a natureza exige certa monotonia. As árvores não podem mexer-se. E os animais só por necessidade física de alimento ou de clima, devem sair da sua região. Acerca disto tenho ideias claras e uma experiência definitiva. É até, talvez, a única coisa sobre que tenho ideias firmes e uma experiência suficiente. Mas não vou filosofar; vou contar a minha viagem à serra do Barroso.
Ia fazer uma sindicância à escola primária de V… Foi no Inverno, em Novembro, e tinha chovido muito, o que dera aos montes o ar desolado e triste dessas ocasiões.
As pedras lavadas e soltas pelos caminhos, as barreiras desmoronadas, algumas árvores com os ramos torcidos e secos. Fui de comboio até à cidade mais próxima, onde depois tomei uma camioneta de carreira que me deixou, já de noite, numa aldeia cujo nome não me lembra. Disseram-me que havia uma hospedeira ao fundo da rua. Era uma velha casa em ruínas. Entrei e fui ter à cozinha, uma divisão comprida e escura, ao fundo da qual estava uma fogueira acesa. Ao pé da fogueira, uma velha sentada. Não me sentia à vontade. Estava embaraçado, sem saber o que devia fazer, quando chegou uma senhora a procurar por mim. Era a professora, que, sabendo da minha chegada, vinha esperar-me…
Branquinho da Fonseca
- O Barão (1942, excerto)

A primeira coisa que vos posso dizer é que morávamos num sexto andar sem elevador e que, para a Madame Rosa, com todos aqueles quilos que transportava consigo e só com duas pernas, era uma verdadeira fonte de vida quotidiana, com todas as preocupações e dificuldades. Ela recordava-nos isso sempre que não se queixava de outra coisa, porque era também judia. A sua saúde não era famosa, e posso dizer-vos desde já que era uma mulher que teria merecido um elevador.
Romain Gary/Émile Ajar
- Uma Vida à Sua Frente
(1975, excerto - tradução de Joana Cabral)

ANTIQUÁRiO

08MAI1794 - Tendo caído em desgraça e suspeito de corrupção, durante a Revolução Francesa, Antoine de Lavoisier - julgado sumariamente, e condenado à morte - é guilhotinado em Paris.

PARLATÓRiO

Antoine de Lavoisier

Bastou um instante para lhe cortar a cabeça, mas talvez cem anos não sejam suficientes para produzir uma outra igual.
Joseph-Louis de Lagrange

TRAJECTÓRiA

Bases Lançadas
Por Antoine de Lavoisier

Citamo-lo por tudo e por nada, recorrendo à sua célebre frase «na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma». Mas a obra do francês Antoine de Lavoisier, que nasceu em 1743 e morreu guilhotinado após um julgamento sumário em 8 de Maio de 1794, está muito para além dessa expressão. Lavoisier é considerado o fundador da química moderna. Depois de ter realizado durante alguns anos experiências laboratoriais, publicou em 1789 o seu Tratado Elementar de Química, o primeiro livro da química moderna. Nele o francês fazia já uma lista de elementos químicos que não podiam ser subdivididos noutros. Entre eles, figuravam o oxigénio, nitrogénio, hidrogénio, fósforo, mercúrio e zinco. A partir daí a ciência da química estava lançada.
13JUN2009 - Diário de Notícias
 
BREVIÁRiO

Sony Pictures edita em DVD, Trilogia MIB / Homens de Negro / Men In Black (1997-2002-2011) de Barry Sonnenfeld; com Tommy Lee Jones e Will Smith. IMAG.152

EMI edita em CD, sob chancela Virgin Classics, Felix Mendelssohn [1809-1847]: Félix & Fanny por Quator Ebène. IMAG.175-205-394

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