PRONTUÁRiO
LUSOFONIA
Uma
presença significativa e testemunhadora, ao longo dos anos, a partir
de Paris, sendo director Daniel Lacerda, a revista bilingue Latitudes
- Cahiers Lusophones privilegia
ao número 43, relativo a Dezembro de 2012, o tema Mestiçagens
- abordando facetas tão relevantes como migrações e diáspora,
fenómenos como o fado e o feminismo lírico, ou autores como António
Lobo Antunes e Jorge Amado. Em Expressão,
destaca-se a poesia de Marília Gonçalves e, em Actualidade
Cultural, sobressai a
exposição Fernando Pessoa,
Plural Como o Universo. Em
Literatura,
é ainda privilegiada a herança pessoana e, em SobreLeituras,
Júlio Conrado aborda - entre outros - o tríptico O
Infante Portugal por José de
Matos-Cruz. Além das perspectivas culturais e artísticas,
reforçadas na rubrica Crónicas,
distinguem-se anda problemáticas históricas e sociais em
referência, análise e reflexão… Sinal dos tempos, e apontando a
falta de apoios financeiros, Latitudes
- fundada em 1997 - anuncia,
entretanto, a sua suspensão editorial. Ficando, porém, a
expectativa de um auspicioso reinício… IMAG.114-158
CALENDÁRiO
15/16MAR-18MAI/10JUN2013
- Em Lisboa, Fundação Carmona e Costa, e no Porto, Museu de Arte
Contemporânea de Serralves expõem A
Substância do Tempo de Jorge
Martins. IMAG.102-333-341-386-392
1925-04ABR2013
- Carmine Infantino: Ilustrador americano, artista e editor de banda
desenhada - «Há poucas pessoas no mundo dos quadradinhos que
tiveram tanto impacto… Atravessou, com o maior sucesso criativo, as
chamadas épocas de ouro e de prata» (Dan DiDio).
1935-06ABR2013
- Luiz Andrade: Cantor de ópera, realizador de televisão, director
de programas da Radiotelevisão Portuguesa/RTP - «Desaparece um
príncipe da televisão, um (quase) pioneiro… Foi sempre um homem à
frente do seu tempo» (Nuno Santos).
1946-06ABR2013
- Bigas Luna: Cineasta espanhol, realizador de Angústia
/ Angoxa (1987) - «Devo-lhe
a minha vida… Foi o primeiro a propor-me um guião» (Javier
Bardem).
1928-08ABR2013
- María Antonia Alejandra Vicenta Elpidia Isidora Abad Fernández,
aliás Sara Montiel: Cantora e actriz espanhola - «Sei quem sou. Já
é muito. E toda a minha vida tive unhas compridas e muitas cores
diferentes».
19ABR-05MAI2013
- No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I expõe Alunos
da Oficina do Desenho - 10.º Aniversário 2003/2013.
VISTORiA
Arcos
A
Silvina Ocampo
Quem
canta nas ourelas do papel?
De bruços, inclinado sobre o rio
de imagens, me vejo, lento e só,
ao longe de mim mesmo: 6 letras puras,
constelação de signos, incisões
na carne do tempo, ó escritura,
risca na água!
De bruços, inclinado sobre o rio
de imagens, me vejo, lento e só,
ao longe de mim mesmo: 6 letras puras,
constelação de signos, incisões
na carne do tempo, ó escritura,
risca na água!
Vou
entre verdores
enlaçados, adentro transparências,
entre ilhas avanço pelo rio,
pelo rio feliz que se desliza
e não transcorre, liso pensamento.
Me afasto de mim mesmo, me detenho
sem deter-me nessa margem, sigo
rio abaixo, entre arcos de enlaçadas
imagens, o rio pensativo.
enlaçados, adentro transparências,
entre ilhas avanço pelo rio,
pelo rio feliz que se desliza
e não transcorre, liso pensamento.
Me afasto de mim mesmo, me detenho
sem deter-me nessa margem, sigo
rio abaixo, entre arcos de enlaçadas
imagens, o rio pensativo.
Sigo,
me espero além, vou-me ao encontro,
rio feliz que enlaça e desenlaça
um momento de sol entre dois olmos,
sobre a polida pedra se demora
e se desprende de si mesmo e segue,
rio abaixo, ao encontro de si mesmo.
rio feliz que enlaça e desenlaça
um momento de sol entre dois olmos,
sobre a polida pedra se demora
e se desprende de si mesmo e segue,
rio abaixo, ao encontro de si mesmo.
Octavio
Paz (1947)
-
Tradução de Haroldo de Campos
MEMÓRiA
27MAR1914-2009
- Budd Schulberg: Escritor e
argumentista de cinema, distinguido com o Oscar por Há
Lodo no Cais (1954) - «O
silêncio é o sinal mais evidente de que estamos no caminho certo
para viver em Hollywood». IMAG.205-265
1909-28MAR1994
- Eugene Ionesco: Dramaturgo francês - «Não há religião para a
qual a vida de todos os dias não seja considerada uma prisão; e não
existe filosofia ou ideologia em que não transpareça que vivemos em
alienação». IMAG.252
30MAR1904-1987
- Edgar Pierre Jacobs: Artista belga, cantor lírico, pintor e
cenógrafo, argumentista e ilustrador de banda desenhada, criador de
As Aventuras de Blake e
Mortimer (1946) - «Comecei a
trabalhar com Hergé no dia 1 de Janeiro de 1944. Individualista como
ele, e como ele, habituado a trabalhar sozinho, poderiam presumir-se
dificuldades de adaptação ou certa incompatibilidade de ideias ou
de humor. Nada disso, o meu labor com ele foi dos mais benéficos, a
nossa mútua procura de perfeição, tal como a convergência das
concepções pessoais sobre o métier,
tornaram as nossas discussões de trabalho particularmente
enriquecedoras e construtivas» (Un
Opéra de Papier - excerto,
1981). IMAG.10-66-119-218-245-281-348-427-451
30MAR1924-2008
- Raymond Macherot: Artista de banda desenhada, criador de Clorofila
(1956) e Coronel Clifton
(1959) - «Um exemplo do talento multifacetado, um autor injustamente
pouco lembrado» (Pedro Cleto). IMAG.217
30MAR1944-2012
- Gerrit Komrij: Escritor holandês, residente em Portugal - «Não
houve um verdadeiro clique entre ele e os meios culturais
portugueses. Possivelmente, ele próprio não tinha muita necessidade
de o fazer, mas isso não nos desculpa por não termos tentado»
(Fernando Venâncio). IMAG.417
31MAR1914-1998
- Octavio Paz: Escritor, ensaísta e diplomata mexicano, distinguido
com o Prémio Nobel (1990) - «A liberdade e a democracia não são
equivalentes, mas são complementares. Sem liberdade, a democracia é
despotismo; sem democracia, a liberdade é uma ilusão». IMAG.361
VISTORiA
A
Cantora Careca
CENA
I
(Interior
burguês de uma casa inglesa, com poltronas inglesas. Tarde inglesa.
O Sr. Smith, inglês, sentado na poltrona com chinelos ingleses, fuma
o seu cachimbo inglês, lendo um jornal inglês, perto da lareira
inglesa. Usa óculos ingleses e um pequeno bigode esbranquiçado
inglês. Ao seu lado, numa outra poltrona inglesa, a Sra. Smith,
inglesa, remenda meias inglesas. Um longo momento de silêncio
inglês. O relógio inglês dá dezassete badaladas inglesas).
SRA.
SMITH: Veja, são nove horas. Comemos sopa, comemos peixe, batatas
com toucinho e salada inglesa. As crianças beberam água inglesa.
Comemos bem esta noite. É porque moramos nos arredores de Londres e
o nosso nome é Smith.
SR.
SMITH (continua a ler, estala
a língua)
SRA.
SMITH: As batatas vão muito bem com toucinho e o azeite da salada
não estava rançoso. O azeite do lojista da esquina é de melhor
qualidade que o azeite do lojista da frente; é até melhor que o
azeite do lojista da esquina de baixo. Mas isso não quer dizer que
para eles o azeite seja ruim.
SR.
SMITH (continua a ler, estala
a língua)
SRA.
SMITH: Mas, mesmo assim, o azeite do lojista da esquina é sempre
melhor.
SR.
SMITH (continua a ler, estala
a língua)
SRA.
SMITH: A Mary, desta vez, cozinhou bem as batatas. Da última vez,
ela não as deixou cozinhar devidamente. Eu só gosto de batatas
quando elas estão bem cozidas.
SR.
SMITH (continua a ler, estala
a língua)
SRA.
SMITH: O peixe estava fresco. Eu lambi os beiços. Repeti duas vezes.
Não, três vezes. Por causa disso precisei ir à casa de banho. Você
também repetiu três vezes. Só que da última vez, comeu menos que
das duas primeiras vezes, enquanto eu comi muito mais. Comi mais do
que você esta noite. Por que será? Geralmente é você que come
mais. Não é por falta de apetite.
Eugene
Ionesco
(1950
- excerto)
As
pirâmides do Egipto hão-de ser realmente impressionantes, os
jardins suspensos da Babilónia realmente assombrosos, que nada
infunde tanto respeito como a burocracia portuguesa. A quem couber,
regularmente, a honra de dar, olhos nos olhos, com os funcionários
portugueses, esse alguém apercebe-se da verdadeira necessidade de,
querendo contar o que se passa nas repartições às pobres almas que
nunca se acharam em tal estado de graça, fazê-lo muito doseado e de
maneira deploravelmente atenuada. Caso contrário, muito simplesmente
não acreditarão nele. Numa descrição da burocracia portuguesa,
nada soa mais inacreditável que a verdade inteira.
Gerrit
Komrij
-
Um Almoço de Negócios em
Sintra (1999 - excerto)
BREVIÁRiO
Assírio
& Alvim edita Primeiros
Poemas | As
Mãos e os Frutos | Os
Amantes Sem Dinheiro de
Eugénio de Andrade (1923-2005).
IMAG.33-45-150-248-303-326-389-423-432
Megamusica
edita em CD, sob chancela Alia Vox, Erasmus
van Rotterdam: Éloge de la Folie por
Jordi Savall, com La Capella Reial de Catalunya e Hespèrion XXI.
Quetzal
edita A Máscara de África de
V.S. Naipaul.
Membran
edita em CD, Ella
Fitzgerald [1917-1996]:
Firs Lady of Jazz.
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