sexta-feira, fevereiro 09, 2018

IMAGINÁRiO #456

José de Matos-Cruz | 24 Fevereiro 2014 | Edição Kafre | Ano XI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

MUSICAL
Logo na América, durante mais de um século, as relações entre o cinema e a música são constantes e recíprocas, com efeito privilegiado em projecção. Além do testemunho documental manifesto pelas imagens, o cinema recria - na prioritária vertente ficcional - uma ilustração biográfica sobre grandes compositores; frequentemente, a música é utilizada na expressão fílmica como um elemento dramático, dimensional ou interpretativo; cabendo ainda referenciar o musical, como um primordial e dos mais populares géneros cinematográficos, sob o signo de Hollywood. O (des)envolvimento visual, coreográfico, é simultâneo ou subsequente à essencial estrutura melódica, pela interacção dos estilos de representação e das manifestações artísticas. Na década de 1950, estabelece-se uma eficaz complementaridade entre a música e a imagem, sobretudo pela pesquisa / exploração dos modelos dramáticos, sobre os distintos géneros ou vertentes ficcionais. Os principais autores readquirem um determinante estatuto criativo / experimental - do domínio orquestral, sinfónico, às motivações do jazz.

CALENDÁRiO

14MAR2013 - BlackMaria produziu, e estreia A Última Vez Que Vi Macau e Alvorada Vermelha, de e com João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata. IMAG.68-165-272

21MAR2013 - ZON Audiovisuais estreia Comboio Nocturno Para Lisboa/Night Train To Lisbon de Bille August; com Jeremy Irons e Charlotte Rampling. IMAG.287

1917-22MAR2013 - Óscar Luís de Freitas Lopes, aliás Óscar Lopes: Intelectual e professor português, investigador de literatura e linguística, co-autor de História da Literatura Portuguesa (1955) - «Estou farto de sofrer dores de cabeça e este mal-difuso. No entanto, acredito que a vida tem um sentido. Acredito, de raiz, nisso. Nesse aspecto, sou religioso, e fui-o sempre» (a António José Saraiva - 1978). IMAG.241

ANUÁRiO

1863-1864 - Neste ano económico, a receita cobrada pelo Estado para os cofres públicos eleva-se à verba de 15.662.970$860 réis.

1864 - Neste ano lectivo, fazem exames, no Liceu Normal de Braga, 705 alunos estranhos àquele estabelecimento de ensino.

1864 - A Imprensa Nacional de Lisboa contava em 1769, primeiro ano da sua existência, com 56 operários; em 1810, com 98; em 1840, com 114; em 1856, com 211; e, neste 1864, com 282 - além de diversos gravadores, litógrafos, brochadores e encadernadores que trabalham fora.

MEMÓRiA

FEV1584-1655 - Manuel Severim de Faria: «Chantre da Sé de Évora, escritor célebre, proprietário da mais rica livraria e colecção numismática e arqueológica do seu tempo»; considerado o primeiro jornalista português, autor de Notícias de Portugal (1655).16DEZ1865 - Diário de Notícias


COMENTÁRiO

Tendo eu naquele tempo uma obra grande, que intitulava: Noticia de Portugal, e Suas Conquistas: já quase em estado para se poder imprimir… Com tudo como as cousas daqueles anos para cá tiveram tão grande mudança, recresceram tais inconvenientes, que sustive na execução de tal intento. Porém, entendendo eu, que não seriam de menor serviço público alguns discursos dos muitos, que nesta obra se continham sobe diversas matérias, assim políticas, como de vária lição, me pareceu comunicá-los a todos, e pelo que participam de seu primeiro original, dar-lhe o título de Notícias de Portugal.
Manuel Severim de Faria (1655)

VISTORiA

Observaçõens Dos Males Que Deus Permittio Para Bem de Portugal

Permittio Deus, que se perdesse El Rey Dom Sebastiaõ, e ficasse toda a Fidalguia Portugueza captiva de Mouros; porque estando os Portuguezes muito soberbos com as victorias que houveraõ por todas as partes do Mundo; nam as reconheciam já a Deos; mas cuidavam que eraõ alcançadas só por seo valor. Castigou Deos esta soberba com aquelle Mizeravel Captiveiro. E depois com a entrada dos Castelhanos; que conhecendo nós por experiencia, que as victorias que alcançavamos, naõ era por nossa fortaleza, se nam pela mizericordia de Deus, nos humilhasse-mos, e fossemos exemplo ao Mundo deste conhecimento; e ficasse-mos capazes de receber outra vez o Reyno, e Liberdade de sua Divina Mâm.
Permittio Deus, que o Conde de Vimioso Dom Francisco, perdesse a vida, e a caza, defendendo a Liberdade de Portugal, e que o Conde de Basto, e o Marquez de Castello Rodrigo, ganhassem estes Titullos entregando o mesmo Reyno. E ordenou depois que as cazas de Basto, e Castello Rodrigo, se perdessem; e a do Vimioso se restaurasse pela mesma valia do Conde de Basto, que cazou sua filha com Dom Luís; e pela fazenda da de Castello Rodrigo, que cazou outra filha com o Conde Dom Affonso: para mostrar a todos com tam raros exemplos, que os que fazem o que nam devem, cuidando de ganhar para seus filhos, os deixam perdidos; e os que fazem o que devem, ainda que de prezente padeçam, nam deixam seus filhos desamparados; antes accrescentados na opiniaõ dos Homens, e na protecçam Divina.
Permittio a Guerra dos Ollandezes no Brazil, para haver Capitaens, e Soldados prácticos neste Reyno, que soubessem pelejar contra a Milicia dos Castelhanos.
Permittio, que obrigassem aos Senhores Portuguezes a dar Soldados para Catalunha; para que tornassem a Portugal prácticos, depois da Acclamaçam; e isto em tanto numero, que por conta, tem entrado em Portugal, de Catalunha, e Flandres, quaze seis mil homens de Guerra.
Permittio o escrever das Fazendas; para que com essa occaziam se levantassem os de Evora, e entendessem os Castelhanos, que só em Evora havia dez mil homens armados, sem a Nobreza do Reino; e por isso mandáram, que Sua Milicia naõ paçasse de Badajóz, e tiveram por felicidade a Reducçam.
Permittio, que chamasse El Rey de Castella todos os Grandes, e Fidalgos a Madrid; para com isso ficarem só em Portugal os que haviam de Acclamar a Liberdade; estando auzentes os que lhe haviam de rezistir; principalmente todos os Senhores, que por entregarem Portugal, alcançáram titullos de El Rey de Castella.
Permittio a destruiçam da Armada de Oquendo, para que naõ houvesse forças Maritimas em Castella que offendessen a Portugal.
Permittio os dezaforos, que os Castelhanos fizeraõ em Catalunha; para se levantarem os Catellaens, e se entregarem aos Francezes; para que El Rey de Castella ficasse opprimido com outra Guerra mais perigosa, e que lhe nam deo lugar para acudir á de Portugal; estando principalmente com a opiniam das grandes forças deste Reyno; porque, se de Evora som. lhe disseram que tinha dez mil homens contra Elle, quando nam tinha comsigo a Nobreza: quanto mayor poder seria agora o do Reyno todo juncto?
Permittio Deus, que El Rey de Castella, com a inveja que tinha a Sua Mag.a’ sendo Duque, o obrigasse a ir a Almada com o Titullo de governar as Armas, parecendolhe, que deste modo o desauthorizava; para que com esta occaziam, ovisse, e tractasse toda a Nobreza do Reino, e se penhorasse com novos dezejos de o reconhecer por seo Princepe.
Permittio, que El Rey de Castella obrigasse a todo os Nobres que fossem militar a Catalunha, ou perdessem as honras, e fazendas, que possuhiam. E tendo-se no Reyno experiencia, que os que partiam para este desterro, nam tornavam: entráram em dezesperaçam; e com ella se rezolvêram a Acclamarem o verdadeiro Rey, e deixarem o estranho.
Permittio Deus, que este Reyno chegasse ao mais mizeravel estado, que nunca teve; sem Armas, sem Soldados, sem Armadas, e sem Forteficaçoens: para que dando-lhe, nesta mizeria, hum Rey; vissemos, que esta obra naõ era alcançada por nosso poder, e forças; senam pela Mizericordia Divina, pois que estavamos sem Gente de guerra nas quatorze Praças fortes, que os Castelhanos tinham neste Reyno; e os Navios armados, que estavam em Lisbôa. E pelo contrario; que as Emprêzas, que accometemos com mayor poder, como foi a de Andaluzia com trez Armadas; naõ tivessem effeito: e a das Ilhas; q. intentando libertalla com duas Armadas, nenhuma dellas chegasse a tempo; e os Naturaes, com suas pequênas forças, rendessem ós Castelhanos; com que ficou conhecida a Victoria por Divina; e os da Ilha, recuperando a reputaçam, que no tempo de outra Successam perdêram.
Permittio, que estando os Castelhanos os seis primeiros mezes quietos, sem Portugal romper contra elles; elles rompessem a Guerra com Portugal com muito pouco poder; com que os Portuguezes ficáram melhorando-se com alcançarem delles muitas Victorias; e fazendo-se com ellas muito prácticos: O que sem esta occaziam naõ podéra ser.
Permittio, que antigamente désse EIRey Dom Joao 1.°, quaze a terça parte do Reyno ao Condestavel Dom Nuno Alvares Pereira; para com este grande Patrimonio, se poder conservar a decencia Real, da Caza de Bragança com Estado grandeozo: e agora succedendo na Corôa, tornar-se taõ grande parte do Reyno a unirse a ella.
Permittio, que muitos Senhores, e Titullos, cahissem no Crime de deslealdade, para com suas rendas, e fazendas, se ajudar a sustentar a Guerra contra Castella.
Escriptos, e expostos pelo Chantre d'Evora Manoel de Faria Severim
em 20 de Setr.° de 1643

PARLATÓRiO

Nós só conhecemos uma fracção mínima da realidade… Estamos no início de uma grande aventura cósmica.
Óscar Lopes
BREVIÁRiO

Clmc edita em Blu-ray, Parada de Estrelas / There’s No Business Like Show Business (1954) de Walter Lang; com Marilyn Monroe e Donald O’Connor. IMAG.111-449

Marcador edita No Tempo dos Franceses de Francisco da Fonseca Benevides.
 

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