quinta-feira, dezembro 28, 2017

IMAGINÁRiO #430

José de Matos-Cruz | 08 Agosto 2013 | Edição Kafre | Ano X – Semanal – Fundado em 2004


PRONTUÁRiO

EXALTAÇÃO
Pintor emérito, e um dos maiores artistas europeus de quadradinhos - pela sensibilidade poética e exaltante do seu imaginário, pela emoção épica e telúrica da sua narrativa, pelo arrebato humano, pelo paroxismo natural, pelo deslumbre paisagista, pela ilustração romanesca - Franco Caprioli (1912-1974) tem uma notável e exaustiva sagração analítica por Jorge Magalhães, No Centenário do Desenhador Poeta, com edição da Câmara Municipal de Moura.
«Ao fazer-se um exame crítico e estético da vasta obra que Caprioli legou à posteridade não é possível esquecer o seu estilo inconfundível. O “pontilhismo”, com efeitos gráficos surpreendentes, era uma técnica absolutamente pessoal, que ele aliava ao equilíbrio da forma, ao rigor anatómico e documental, à expressividade dos grandes planos e à noção de perspectiva» - evoca o nosso autor e admirador, que apresenta ainda um vasto e deslumbrante manancial icónico e figurativo. Afinal, consumando o próprio testemunho ético e memorial do mestre italiano: «Sempre procurei representar o mundo como gostaria que ele fosse, e o coração e a alma dos homens como seriam se todos pudessem confiar uns nos outros e viver em paz e harmonia».
IMAG.414

CALENDÁRIO

26OUT-11NOV2012 - No 23º Festival Internacional de Banda Desenhada - Amadora Bd 2012, Fórum Luís de Camões expõe O Infante Portugal Em Universos Reunidos - sobre a trilogia escrita por José de Matos-Cruz, e a transição para banda desenhada com Daniel Maia; mostra retrospectiva de Isabel Aboim, Filipe Abranches, Renato Abreu, Teotónio Agostinho, João Amaral, Ana Biscaia, Cação Biscaia, Ricardo Cabral, Richard Câmara, Diniz Conefrey, João David, Luís Diferr, José Carlos Fernandes, Fernando Filipe, Sara Franco, José Garcês, António Jorge Gonçalves, Daniel Henriques, Catherine Labey, Rui Lacas, João Vasco Leal, Luís Louro, Daniel Maia, Zé Manel, J. Mascarenhas, Pedro Massano, Baptista Mendes, Fernando Vilhena de Mendonça, Victor Mesquita, Susa Monteiro, Nuno Pereira, Susana Resende, Miguel Rocha, André Ruivo, José Ruy, Eugénio Silva, Augusto Trigo, Maria João Worm e Carlos “Zíngaro”.

1917-01OUT2012 - Eric John Ernest Hobsbawm, aliás Eric Hobsbawm: Historiador britânico de orientação marxista, nascido em Alexandria, autor de Tempos Interessantes - Uma Vida No Século XX - «Pertenço a uma geração para a qual a Revolução de Outubro representava a esperança do mundo».

04OUT2012 - Clap Filmes produziu, e estreia Linhas de Wellington de Valeria Sarmiento; com John Malkovich e Victoria Guerra. IMAG.357

04OUT2012 - Vende-se Filmes produziu, e estreia Orquestra Geração de Filipa Reis e João Miller Guerra; com Diogo Dias e Ana Hespanha.

1942-06OUT2012 - Antonio Cisneros: Ficcionista e poeta peruano - «No era maná del cielo pero había comida para todos y amor de Dios.» (En Las Tierras Más Verdes).

VISTORiA

Todos por Um

A manhã está tão triste
que os poetas românticos de Lisboa
morreram todos com certeza.

Santos
Mártires
e Heróis.

Que mau tempo estará a fazer no Porto?
Manhã triste, pela certa.

Oxalá que os poetas românticos do Porto
sejam compreensivos a pontos de deixarem
uma nesgazinha de cemitério florido
que é para os poetas românticos de Lisboa não terem de
recorrer à vala comum.
Mário Cesariny de Vasconcellos

VISTORiA

Canção do Exílio

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas tem mais flores,
Nossos bosques tem mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Gonçalves Dias

MEMÓRiA

09AGO1923-2006 - Mário Cesariny de Vasconcellos: Poeta e pintor português, ligado ao surrealismo - «Passa os olhos pelo lenço. Acabou-se. / Vai sair. Talvez vá jantar? /É inverno. Lá fora, faz frio.» (Rua do Ouro - excerto). IMAG.17-19-20-29-66-123-179

09AGO1963-2012 - Whitney Houston: Cantora americana de pop, gospel e soul - «Quando decidi dedicar-me a esta actividade artística, a minha mãe avisou-me de que acabaria por estar sozinha. Mas, basicamente, todos nós estamos. A solidão vem com a vida». IMAG.395

10AGO1823-1864 - Gonçalves Dias: Poeta e teatrólogo brasileiro - «Enfim te vejo! - enfim posso, / Curvado a teus pés, dizer-te, / Que não cessei de querer-te, / Pesar de quanto sofri. / Muito penei! Cruas ânsias, / Dos teus olhos afastado, / Houveram-me acabrunhado / A não lembrar-me de ti!» (Ainda Uma Vez - Adeus - excerto).

15AGO1933-2009 - Mike Seeger: Compositor e músico americano de folk - «Gravou e ajudou a produzir dezenas de álbuns daquilo a que chamava a verdadeira música americana, uma mistura das tradições britânica e africana com o jeito de contar histórias com raízes no sul» (The New York Times). IMAG.265

ANUÁRiO

1863 - Neste ano, segundo o Relatório Geral do Serviço da Repartição de Saúde, são expostas - nas igrejas e em diversas localidades de Lisboa - 366 crianças mortas.

ANTIQUÁRiO

05SET2008 - Em Paris, Théâtre Montparnasse estreia Le Diable Rouge, de Antoine Rault; durante o reinado (1643-1715) de Luís XIV, encenação de Cristophe Lidon.



CONTRADITÓRiO

Colbert: - Para arranjar dinheiro, há um momento em que enganar o contribuinte já não é possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é possível continuar a gastar quando já se está endividado até o pescoço...
Mazarino: - Um simples mortal, claro, quando está coberto de dívidas, vai parar à prisão. Mas o Estado... é diferente!!! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se... Todos os Estados o fazem!
Colbert: - Ah, sim? Mas como faremos isso, se já criámos todos os impostos imagináveis?
Mazarino: - Criando outros.
Colbert: - Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.
Mazarino: - Sim, é impossível.
Colbert: - E sobre os ricos?
Mazarino: - Os ricos também não. Eles deixariam de gastar. E um rico que gasta faz viver centenas de pobres.
Colbert: - Então, como faremos?
Mazarino: - Colbert! Tu pensas como um queijo, um penico de doente! Há uma quantidade enorme de pessoas entre os ricos e os pobres: as que trabalham sonhando enriquecer, e temendo empobrecer. É sobre essas que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Quanto mais lhes tirarmos, mais elas trabalharão para compensar o que lhes tiramos. Formam um reservatório inesgotável. É a classe média!
Antoine Rault
- Le Diable Rouge

COMENTÁRiO

Os Primeiros Cantos são um belo livro; são inspirações de um grande poeta. A terra de Santa Cruz, que já conta outros no seu seio, pode abençoar mais um ilustre filho. O autor, não o conhecemos; mas deve ser muito jovem. Tem os defeitos dos escritos ainda pouco amestrados pela experiência: imperfeições de língua, de metrificação, de estilo. Que importa? O tempo apagará essas máculas, e ficarão as nobres inspirações estampadas nas páginas deste formoso livro.
Alexandre Herculano
1847-1848 - Revista Universal Lisbonense

BREVIÁRiO

Sony edita em CD, sob chancela Vivarte, Ludwig van Beethoven [1770-1827]: Música de Câmara por L’Archibudelli, Mozzafiato, Jos van Immerseel, Anner Bylsma, Vera Beths e Charles Neidich.
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