quinta-feira, setembro 07, 2017

IMAGINÁRiO #365

José de Matos-Cruz | 01 Abril 2012 | Edição Kafre | Ano IX – Semanal – Fundado em 2004


PRONTUÁRiO

EXPIAÇÕES
Vícios, violência, traições, corrupção, poder, esplendor, luxúria, declínio pairam sobre Bórgia - 4 - Tudo É Vaidade, tomo culminante de um tremendo e fascinador testemunho histórico, estilizado para adultos, concebido por dois excepcionais autores da criatividade artística em banda desenhada - o argumentista chileno Alexandro Jodorowsky e o ilustrador italiano Milo Manara. Centrada em Roma, durante o Século XV, ao tempo do Papa Alexandre VI, a narrativa incide sobre as ambições e proezas nefandas de César Bórgia, incluindo um encontro com o génio marcial de Leonardo Da Vinci, ou o bestial sacrifício do reformador excomungado Girolamo Savonarola… Os excessos da realidade e os fantasmas da perversão, entre monstros e demónios, luxo e luxúria, pecado e perdição, subjugam um imaginário sumptuoso, crepuscular, que se adensa pela intriga sórdida, decadente, e afinal expiatória - revertendo com o retorno aos seus palácios dos príncipes proscritos, e outros ciclos de prepotência e delapidação numa Europa a ferro e fogo. IMAG.3-13-52-64-132-140-147-221-305

MEMÓRiA

1791-02ABR1872 - Samuel Morse: Pintor de cenas e vultos históricos e inventor do telégrafo (1832) com recurso ao registo eletromagnético dos sinais que formam o Código Morse - «Eis o que Deus realizou!» (1844). IMAG.24-80-139-320

1847-03ABR1882 - Jesse James: Bandoleiro americano - «Apesar de tudo, continuo a ter esperança... Durante a Guerra, fui ferido sete vezes, e uma outra no mesmo pulmão... Não acredito que vá morrer».

1920-06ABR1992 - Isaak Judah Ozimov, aliás Isaac Asimov: Professor universitário de Bioquímica e escritor de novelas de ficção científica, autor das Três Leis Fundamentais da Robótica - «Haverá uma tendência para centralizar informações, de modo que uma requisição de determinados itens pode usufruir dos recursos de todas as bibliotecas de uma região, ou de uma nação e, quem sabe, do mundo. Finalmente, haverá o equivalente de uma Biblioteca Informatizada Global, na qual todo o conhecimento da humanidade será armazenado e de onde qualquer item desse total poderá ser retirado por requisição» (Choice of Catastrophes - excerto). IMAG.231-257-278

CALENDÁRiO

07JUL-17SET2011 - Em Lisboa, Sala do Risco no Pátio da Galé (Terreiro do Paço) expõe Ecos do Fado Na Arte Portuguesa XIX-XXI, sendo comissária Sara Pereira.

21JUL2011-30JUN2012 - Na Amadora, Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem/CNBDI expõe História Com Humor - A História de Portugal Na Obra de Artur Correia e António Gomes d’Almeida; esta mostra introduz o tema central do 22º Amadora BD 2011, dedicado ao Humor.
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22JUL-18SET2010 - No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I expõe Há Males Que Vêm Por Bem de Isabelle Faria.

30JUL-25SET2010 - No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I expõe Nós e Todos os Outros de Luís Herberto.

ANTIQUÁRiO

ABR1872 - Apontamentos Sobre a Picaresca Viagem do Imperador de Rasilb Pela Europa de Raphael Bordallo Pinheiro, «chistoso álbum de caricaturas», esgota a primeira edição e é preparada a segunda, «mais correcta e argumentada». Diário de Notícias - 16ABR1872IMAG.22-32-43-59-77-98-115-197-208-242-246-256

ABR1872 - Manhã cedo, ao sair de um gabinete no Vaticano, o Papa Pio IX deu com um homem no meio do recinto, de joelhos, com os braços abertos. Era um maníaco religioso que há muito solicitava audiências particulares. Sua Santidade tocou a campainha e mandou pôr fora o intruso, mas causou-lhe o caso tanto susto que esteve dois dias de cama. Diário de Notícias - 24ABR1872

03-05ABR1902 - Em Roma, Fred Gaisberg e Will Gaisberg gravam, em cera, dezoito árias do bel canto, temas do Coro da Capela Sistina, por Alessandro Moreschi (1858-1922), o último dos grandes castrati - cantores cuja extensão vocal corresponde, em pleno, à das vozes femininas, por uma operação de corte dos canais provenientes dos testículos, antes da puberdade (Séculos XVI-XIX) - e o único a deixar a sua voz registada para a posteridade.

INVENTÁRiO

O HOMEM BICENTENÁRIO - UM CORAÇÃO MECÂNICO

Uma das virtualidades mais fascinantes, no tradicional imaginário fantástico, diz respeito ao robô - criatura metálica, concebida à imagem do homem, primordialmente para o servir, com fins pacíficos ou agressores. Essa expectativa, herdada do Século XIX, transformar-se-ia em ameaça, durante a Idade de Ouro, numa alusão ao lendário Frankenstein de Mary Shelley. Virando-se contra o inventor, motivado por desígnios totalitaristas, intruso alienígena ou adquirindo instintos sexuais, o robô assumiu pois uma consciência, sendo fisicamente invulnerável. Há mais de sete décadas, e por vinte anos, Isaac Asimov celebrou a Era Clássica, com as Leis do Comportamento Robótico - a programar no cérebro de cada um, e assegurando a sua submissão ao homem.
Aceites pela generalidade dos autores, mesmo quando exploram uma eventual transgressão, tais normas culminariam as potencialidades romanescas da moderna ficção científica, expandindo-se finalmente ao grande ecrã, com O Homem Bicentenário (1999) de Chris Columbus. Em causa está, precisamente, uma novela de Asimov & Robert Silverberg, The Positronic Man, adaptada por Nicholas Kazan. A acção decorre na primeira década deste novo milénio, referenciada pelos dois primeiros preceitos do código de Asimov: 1 - «Um robô não pode causar dano a um ser humano nem, por omissão, permitir que um ser humano sofra»; 2 - «Um robô deve obedecer às ordens dadas por seres humanos, excepto quando essas ordens entrarem em conflito com a Primeira Lei». Eis o dilema em que Andrew se debaterá.
Este nome foi-lhe dado por uma menina, Amanda, confundindo-o com um andróide. O pai adquiriu-o como última sensação familiar, da série NDR-114. De facto, Andrew sabe cozinhar, limpar, lavar, cuidar da casa e tomar conta das crianças. Mas, no seu caso pessoal, Andrew tem, também, emoções e sentimentos... Recriando a mitologia robótica - como ameaça ou reflexo aparente da sua imagem, ou susceptível de transferenciais comportamentos mecânicos - o homem sublimaria, afinal, os seus primordiais receios e pavores: no auge das civilizações, além do bem ou do mal, ou nos paradoxos da tecnologia. A simbologia subtil de O Homem Bicentenário pressupõe, afinal, uma transferência harmónica de valores e comportamentos, em que se reinveste a própria condição essencial da nossa consciência colectiva.

VISTORiA

Certamente, cada vez mais pessoas seguiriam esse caminho fácil e natural de satisfazer suas curiosidades e necessidades de saber. E cada pessoa, à medida que fosse educada segundo seus próprios interesses, poderia então começar a fazer as suas contribuições. Aquele que tivesse um novo pensamento ou observação de qualquer tipo sobre qualquer campo, poderia apresentá-lo, e se ele ainda não constasse na Biblioteca Informatizada Global, seria mantido à espera de confirmação e, possivelmente, acabaria por ser incorporado. Cada pessoa tornar-se-ia, simultaneamente, um professor e um aprendiz.
Isaac Asimov
- Choice of Catastrophes (1979)

ELUCIDÁRiO

Leis do Comportamento Robótico

Primeira Lei - Um robô não pode causar dano a um ser humano nem, por omissão, permitir que um ser humano sofra.
Segunda Lei - Um robô deve obedecer às ordens dadas por seres humanos, excepto quando essas ordens entrarem em conflito com a Primeira Lei.
Terceira Lei - Um robô deve proteger sua própria existência, desde que essa protecção não colida com a Primeira nem com a Segunda Lei da Robótica.
Isaac Asimov
- I, Robot (1950)

ANUÁRiO

1872 - Neste ano, o distrito de Bragança produz 72.069 quilogramas de casulo de seda, 977,995 de seda em fio, 556.456 de lã branca, 489.612 de lã preta, 24.807,405 de mel e 14.662,451 de cera.

COMENTÁRiO

Olham para o meu rosto e sorriem, mostrando os seus dentes escurecidos. Deus do céu! Os dentes das crianças inglesas são horríveis! Pode e deve ser feito algo em relação a isso. Mas os seus olhos…
Charles Chaplin
- A Minha Viagem Pela Europa (1921 - excerto)





BREVIÁRiO

Matéria-Prima edita A Minha Viagem Pela Europa de Charles Chaplin (1889-1977); tradução de Alexandra Cardoso.
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Centaur Records edita em CD, Robert [1810-1856] & Clara Schumann [1819-1896] - Sonatas Para Violino, Romances por Bruno Monteiro (violino) e João Paulo Santos (piano). IMAG.105-194-203-233-268-278-297-301-341-344

Universal edita em CD, sob chancela Deutsche Grammophon, Echoes of Time pela violinista Lisa Batiashvili, com a pianista Hélène Grimaud, e Orquestra Sinfónica da Rádio da Baviera, sob a direcção de Esa-Pekka Salonen.

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